De volta a Curitiba a bordo de um FNM

Esta história é descrita por Róbert P. Stammer em seu retorno a Curitiba após o evento em Pilar do Sul, ele em seu reluzente FNM 180 vermelho, levando sobre a carroceria o “cavalinho” FNM 1964 de seu irmão Miklos G. Stammer.

 

“Gostaria de contar um pouco da minha volta de Pilar do Sul a Curitiba, sobre um caminhão que nunca irá morrer.

 

Além das inúmeras fotos que tiraram dos 2 caminhões pelo caminho (o do meu irmão sobre a carroceria do meu), muitas buzinadas e sinais de farol de carros, caminhões e ônibus, houve duas passagens que foram marcantes:

 

Depois de Capão Bonito, a estrada torna-se muito pesada para caminhão, é serra o tempo todo e curvas intermináveis (imagino os heróis caminhoneiros que transitavam esse trecho no passado, em estrada de terra, pedregulhos e lama, ao contrário do “tapete” de hoje, a bordo de FNM-s D-9500 queixo duro!) e, como estava anoitecendo, resolvi pernoitar na cidade de Apiaí-SP, defronte à fábrica de cimento, no Posto Apiaípetro.

 

Assim que encostei, começou a rodinha habitual. Um dos presentes decidiu que não poderia deixar de avisar um dos grandes entusiastas de Alfa da cidade, o “caroço” (José Luis). Assim foi feito, e daí a pouco apareceu o ex-alfeiro a bordo de seu caminhão Mercedes, encostando ao lado dos alfas para um longo e detalhado papo, troca de experiências, relatos de viagens, peças, melhor forma de cruzar as marchas, etc.. Já noite adentro, o mesmo me convidou para jantar em sua casa (negado, após a farta comilança de Pilar), e também ofereceu para dar uma volta de caminhão pela cidade (também agradecido e negado).

 

Neste ponto, achou que eu não poderia ainda dormir sem ele chamar o seu filho para ver os alfas e também trazer as fotos de seus diversos caminhões do passado (Ford, Dodge, FNM s D-11 e 180). E lá foi ele atrás do filho. Durante a espera, apareceu outra pessoa para fotografar os brutos (já de noite, com flashes), e que perguntou se poderia também mostrar os caminhões para a esposa e filhos.

 

Daí a pouco, apareceram todos. O filho do “caroço” fotografou, eu vi as fotos dos ex-caminhões deles, chegou a esposa do outro (mulher jovem, pediu para subir no Alfa pois era filha de alfeiro, já falecido há 4 anos, sentou no banco do motorista com os 2 filhos pequenos no colo, segurou o volante com as duas mãos e olhou firmemente para frente, mal contendo as lágrimas e, com voz emocionada, apenas disse: “- é, o do meu pai também tinha as duas camas”. Depois desceram da boléia, agradeceram e foram embora). Mais tarde, após puxar as minhas cortinas para dormir, ainda notei alguns flashes pipocando lá fora…

 

A segunda passagem aconteceu em Bocaiúva do Sul, pouco antes de chegar em Curitiba. Encostei o bruto defronte a um posto pois, devido à “serralhada” interminável, estava preocupado com a quantidade de óleo diesel no reservatório. Enchido o tanque, estava prestes a zarpar quando chegou um funcionário do posto perguntando se eu poderia aguardar um pouco, pois a filha do dono havia visto os FNMs e iria chamar o Pai, outro ex-alfeiro, agora dono do posto, e que estava em sua casa.

 

Informando não haver problema, daí a pouco chegou o senhor – mais fotos, papos, etc. -, e que contou do seu FNM Brasinca 1958 que tirou zero e com o qual ficou muitos e muitos anos, sempre no queixo duro, viajando pelo Brasil todo e tendo muitas fotos guardadas do bruto. E assim, amigos, é esse o caminhão que mantém acesa a nossa paixão, um caminhão que nunca irá morrer”.

 

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